segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Alteração na Wikipédia gera suspeita de 'doidinho' no Planalto, diz ministro

Computador ligado à rede do Planalto modificou perfis de jornalistas.
Para Gilberto Carvalho, autor das alterações criou problema para o governo.

Ministro Gilberto Carvalho deu aula magna na faculdade de direito da USP (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, comentou nesta segunda-feira (11) as alterações nos perfis dos jornalistas Carlos Alberto Sardenberg e Míriam Leitão na Wikipédia realizados por computadores ligados à rede do Palácio do Planalto. As modificações, noticiadas por reportagem do jornal "o Globo" de sexta-feira (8) faziam críticas aos jornalistas. Na opinião do ministro, a pessoa que realizou as mudanças prestou dois desfavores, para os jornalistas atingidos e para o governo federal. Segundo ele, ainda se criou um ambiente no qual paira suspeita sobre algum "doidinho" do Palácio do Planalto.

"Lamentamos muito o que houve porque a pessoa que fez prestou dois desfavores [...] Agora paira a suspeita de que algum 'doidinho' do Planalto tenha feito essa mudança", disse o ministro. "Essa pessoa [que usou a rede do Planalto para alterar perfis de jornalistas na Wikipédia] fez mal feito e acabou jogando um problema para dentro do Planalto", completou o ministro, que nesta manhã deu aula magna na faculdade de Direito da USP.

No sábado (9), a presidente Dilma Rousseff declarou que considerava "inadmissível" a alteração nos perfis. Também no fim de semana, a Casa Civil divulgou nota em que informava a criação de uma comissão de sindicância formada por vários órgãos e ministérios para apurar o caso.

A comissão será integrada pela própria Casa Civil, representada pela autarquia Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, pelo Ministério da Justiça, com a participação da Polícia Federal, pela Controladoria-Geral da União e pela Secretaria-Geral da Presidência da República.

Petrobras
No mesmo evento, o ministro falou sobre críticas à à atual gestão da Petrobras, surgidas após denúncias de contratos irregulares feitos pela estatal, têm motivação eleitoral. Carvalho ainda afirmou que o governo deve ter "sangue frio" e "nervos de aço" para lidar com os ataques.

"É um foco [de críticas], todo ele tangenciado pela questão eleitoral. Nós também temos que ter sangue frio, nervos de aço, sempre para trabalhar bastante, mostrar para o povo brasileiro qual é o nosso projeto", afirmou o ministro, antes de ministrar uma aula magna na Faculdade de Direito da USP, no Centro de São Paulo.

O ministro disse também que não consegue avaliar o quanto às críticas à estatal vão causar impacto nas eleições.Ele afirmou ainda que a oposição, em especial o PSDB, deveria "pensar duas vezes" antes de atacar a Petrobras. 

"É difícil saber o quanto influencia na campanha. O que dá para avaliar é a exploração eleitoral do evento. Os que criticam a Petrobras, sobretudo o PSDB, deveriam pensar duas vezes antes de dizer qualquer coisa da Petrobras. Eles queriam privatizar a Petrobras, eles deram um prejuízo enorme. Nós valorizamos a Petrobras. Eles não têm moral nenhuma para criticar a Petrobras", disse Carvalho.